Esta Esta cabeça sem dúvida vai matar-me. Não pára de pensar. Expliquei-lhe mil vezes a inutilidade dos pensamentos, demonstrei-lhe as razões para desesperar, mas ela não pára de pensar. Digo-lhe: está bem, pensaremos até que o pensamento se esgote. Então ela adormece por fim apesar de si mesma, e acorda manhã cedo, acende um cigarro, toma o café antes de mim e recorda as histórias de ontem e os pensamentos de ontem. Lavo-a, e continua a pensar. Penteio-a, e continua a pensar. Envio-a ao barbeiro, e continua a pensar. Mas quando quero pensar num problema que me extenua ou em alguma coisa que me interessa, ela geme de dor como se lhe estivesse a bater com um machado. Esta cabeça vai matar-me. (Roubado aqui Antología libanesa moderna, Norteysur, Málaga, 2005, pp. 39-40).