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A mostrar mensagens de agosto, 2013

Agosto num Elegia de Setembro! 2013

Não sei como vieste,  mas deve haver um caminho  para regressar da morte.  Estás sentada no jardim,  as mãos no regaço cheias de doçura,  os olhos pousados nas últimas rosas dos grandes e calmos dias de setembro. Que música escutas tão atentamente que não dás por mim? Que bosque, ou rio, ou mar? Ou é dentro de ti que tudo canta ainda? Queria falar contigo, dizer-te apenas que estou aqui, mas tenho medo, medo que toda a música cesse e tu não possas mais olhar as rosas. Medo de quebrar o fio com que teces os dias sem memória. Com que palavras ou beijos ou lágrimas se acordam os mortos sem os ferir, sem os trazer a esta espuma negra onde corpos e corpos se repetem, parcimoniosamente, no meio de sombras? Deixa-te estar assim, ó cheia de doçura, sentada, olhando as rosas, e tão alheia que nem dás por mim. Eugénio de Andrade Pequena Elégia de Setembro in, Coração do dia