Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2014

Nómada solidão

Justyna Kopania pernoitas em mim e se acaso te toco a memória… amas ou finges morrer pressinto o aroma luminoso dos fogos escuto o rumor da terra molhada a fala queimada das estrelas … é noite ainda o corpo ausente instala-se vagarosamente envelheço com a nómada solidão das aves já não possuo a brancura oculta das palavras e nenhum lume irrompe para beberes… Al Berto

Os meus verdes, a tuberculose deles

cs Pneumotórax Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: — Diga trinta e três. — Trinta e três… trinta e três… trinta e três… — Respire. — O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? — Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. Manuel Bandeira

Alice Vieira

"esperar que voltes é tão inútil como o sorriso escancarado dos mortos na necrologia do jornais e no entanto    de cada vez que a noite se rasga em barulhos no elevador e um telefone se debruça de um sexto andar sinto que ainda ficou uma palavra minha esquecida na tua boca e que vais voltar para a  devolver"

Mais silêncios

Dense wood - Don Resnick (b.1928) "(...) vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areio  por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio." Lispector , 1986:94