Sou um olho. Um olho mecânico. Eu, a máquina,
mostro-vos o mundo de um modo como só eu posso vê-lo. Liberto-me hoje e para
sempre da imobilidade humana. Estou em constante movimento. Aproximo-me e
afasto-me dos objetos. Rastejo debaixo deles. Movo-me colada à boca de um
cavalo a correr. Caio e levanto-me juntamente com os corpos que caem e se levantam.
Isto sou eu, a máquina, manobrando entre
movimentos caóticos, registando um movimento após outro, nas combinações mais
complexas. Libero do limite de tempo e de espaço, coordeno cada um e todos os
pontos do Universo, onde quer que eu queira que eles se encontrem. O meu
caminho conduz à criação de uma nova percepção do mundo. Assim, explico, de uma
nova forma, o mundo por vós ignorado. (Citação extraída de um artigo escrito em
1923, por Dziga Vertov, o realizador revolucionário soviético, in Berger,
1980,p. 21).
às vezes apetece voltar. Sim, voltar e escrever Escrever é um processo que funciona de diferentes maneiras Pode ser um grito um sufoco mas é sempre egoísta é egoísta usar as palavras para interpretar usar as palavras para purgação usar as palavras para direcionarmos a atenção para nós escrever é morrer devagar lentamente. É despedida e é tristeza
Comentários
Beijo.