«Nada há de mais compensador na realidade física do que o sexo. Quando nos fundimos no outro parecemos ser um apenas; e mesmo quando corre mal, ou não tão bem como desejávamos, há qualquer coisa em nós que ameaça estalar. Mas o amor é outra coisa, encontramo-lo noutros territórios. Por isso ambiciono achar alguém a quem amar e com quem possa envelhecer - única forma de, num dia que espero distante, fundir-me apenas com o olhar e um gesto. Porque os homens e as mulheres quando envelhecem, e retiram da vida o suficiente, já não têm sexo nem urgências. São anjos em espera».
Luís Osório, Só entre nós, 2012:7
"Deitava-me no sofá e chorava por antecipação. Não queria que morresse. Porque haveria de morrer se dela precisava? Tenho essa memória: a minha avó materna na máquina de costurar e eu em contas de cabeça. Morreu há muito, o funeral foi no dia dos meus anos. Vendo bem as coisas como podia não ser? É uma alegria quando a ela regresso, uma felicidade saber que estou acompanhado por um fio invisível de coisas boas. Hoje, mais do que chorar pelos que partiram faria mais sentido fazê-lo pelos que não nasceram, pela vida que não aconteceu, pelas maternidades vazias, pelas mortes que superam os nascimentos. Não é o fim da vida que me preocupa, apenas a falta de esperança."
Luís Osório,roubado no FB
Comentários
então? diga...
abra o debate
:)
Tanto como idosa quanto na condição de avó concordo em absoluto tanto com o primeiro como com o segundo texto.
Creio que o espírito toma conta de nós quando o corpo se cansa da vida material.
Aliás, quanta beleza e sabedoria existe neste escritor.
~CC~
Vem conhecer o meu;
leiakarine.blogspot.com
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