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sinais

Amou tanto
Agora era velha e não conseguia sentir-se tomada de qualquer sentimento em relação a coisa alguma, mas tinha amado muito. Esperava ainda encontrar-se com algum ser que se movesse sobre a crosta da terra.

Até que se enamorou pela fachada de uma igreja de Assis, decidindo mudar-se para aquela cidade. Era Inverno, e durante os temporais nocturnos, saía com o guarda-chuva para fazer companhia à igreja, plena de uma luz amedrontada.
Depois, chegou a Primavera, e todas as manhãs e todas as tardes, com as mãos, tocava as pedras quentes e enxutas. Foi um amor sereno e sem traições que durou até à sua morte.


Tonino Guerra, "Histórias para uma noite de calmaria"

Comentários

M,Franco disse…
Deliciosa esta prosa!
Boa noite.
Graça Pires disse…
Este livro de Tonino Guerra também faz parte da minha estante. Gostei de o encontrar aqui.
Beijos.

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