"Quantas Línguas existem? As suficientes para não as conseguirmos contar. E em cada uma delas se pensa. Mais: em cada uma delas se pensa como em nenhum sítio, neste caso, como em nenhuma Língua.
Nesse sentido, a questão da tradução pode ser vista num âmbito mais físico, mais biológico, como na abordagem de Nietzsche:
O que é mais difícil de traduzir de uma língua para outra é o ritmo do seu estilo, (...) ou, para me exprimir mais fisiologicamente, o ritmo médio do seu "metabolismo".
Cada Língua é um percurso de excitações biológicas; no entanto, mais do que se pensar - visão perigosa - em organismos que determinam certas Línguas, devemos pensar no inverso: a Língua, a forma como as palavras se dizem, determina o matabolismo. Uma palavra dita resulta e é resultado de um esforço fisiológico, esforço aperfeiçoado geração após geração, sendo que agora a sua dificuldade não se nota.
É importante assinalar que se investiga -quando se investigam ideias - numa Língua.
Cada Língua pode ser entendida como sendo determinada por um ritmo corporal, uma inteligência física. O som também faz pensar, promove associações, ligações, etc."
Gonçalo M. Tavares, Atlas do corpo e da imaginação.
Teoria, fragmentos e imagens. 2013
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